TROPEIRO, POUCO LIDO, MAS CORRIDO.

Saindo de Raiz, Contador, São Raimundo Nonato, hoje Dom Inocêncio do Piaui, com uma grande tropa Zé da Hora e mais uns companheiros, tropeiros, destino a Petrolina. Zé da Hora que ganhou esse nome, por ser um caboclo ligeiro, bom de serviço, de confiança do patrão um comerciante de Contador.
Um vizinho de Zé da Hora ia casar umas filhas na desobriga de julho em Moreira, pediu a Zé da Hora para vender uma vaca, pois ele dono não sabia fazer negócio. Compadre Zé vendeu a vaca por uns cruzeiros. O compadre, ainda pede a Zé da Hora que comprasse umas peças de fazenda, tecido, para casar duas filhas na desobriga. Compadre Zé comprou as peças de pano, linha, botões, zíper e ainda sobrou dinheiro, que devolveu ao compadre.
Zé da Hora também levava uma carta de um fazendeiro de Passagem Nova no mesmo município, para em Petrolina colocar no correio destino a um filho que estudava em Recife. Naquele tempo era dificil comunicação em cidades pequenas do Piauí. Petrolina era bem melhor.
Em uma das paradas de almoço e descanço dos animais, tinha uns ciganos arranchado. Um dos peões tropeiro de Zé pegou um jumento dos ciganos. Zé da Hora, homem viajado, experiente vendo a cena mandou o rapaz devolver o jegue dos ciganos, senão todos estavam ferrados. Ciganos sabem amarar pessoas com seus feitiços. O rapaz logo foi entregar o jumento dos ciganos dizendo que foi engano. Os ciganos agradeceram. E ainda deram uns trocados ao tropeiro ladrão.
Quando chegaram em Contador foi uma fresta. Encomendas e notícias do mundo civilizado. Uma senhora família dos Costas pergunta a Zé se ele viu Joaquim Nabuco e Ruy Barbosa. Joaquim Nabuco morreu em 1910, Ruy Barbosa em 1923. Vejam como eram as coisas naquele tempo desinformação total.
Mas Zé da Hora gostava de sua gente, mesmo com perguntas ingênuas, ele era parte deles.

NHOZINHO XV.

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