AVIÃO-CARRO, RADIO, CELULAR.
Lagoa, São Pedro Dom Inocencio, Piaui. Séc. XX.
Minha avó Maria Lina nascida em 1903 falava que em 1910,
quando aviões passaram a voar pelo Brasil, o povo sertanejo quase morre de medo;
achavam que era o fim do mundo.
Mas logo veio uns tropeiros de Petrolina e falaram que era o
tal de pássaro de prata. Mas que provocou medo isso sim. O Rádio, eu lembro que
o primeiro a chegar no sertão onde nasci, foi de tio Plinio Ribeiro comerciante
e fazendeiro em Poção. 1961 Plinio veio de Juazeiro Petrolina, com um rádio PILCHO
japonês.
Como ele sempre parava em minha casa, após descer da burra
ligou o ‘trem’. Meu Deus! Roberta Marota com umas netas saíram correndo para
casa de Nicolau, que também já corria para umas tocas onde deveriam espera o fim
do mundo. Mas Nicolau lembrou que Plinio falava que logo compraria um rádio. Aí
foi que se acalmaram.
Eu tinha medo de carro, quando ouvia o ronco do ‘trem’ meu coração
batia. Em meu tempo carro também era coisa rara só nas cidadezinhas, só depois
o mesmo Plinio comprou um caminhão que eu nunca andei nele. Quando eu ia a Poção
que Raimundo saia para Moreira, no cercado, logo eu deixava o caminho para ver
o bicho passar arrastando pedras e fazendo um poeirão.
Um conhecido meu que viaja pelo mundo ‘civilizado’ quando viu
aum mulher ao celular nos EUA, ficou feito bobo com o que via e ouvia. Ouro
estava na França viu uma estátua perguntou um endereço a ela. Como a “moça” não
falava ele foi examinar direito e viu que era apenas uma obra de Michelangelo.
Outro Quando a aeromoça o perguntou se ele era cardíaco ele
falou: “sou prefeito de tal cidade do
Piauí”. Atraso x ignorância dá nisso. Tio Jeronimo Maroto, chamava a sogra dele mãe Josefa gritando distância de um km e la ouvia.Caipira que não conhece seu lugar às
vezes passa vergonha.
Hoje temos vida, morte e o mundo em um celular. Melhoramos?
Não, continuamos ignorantes em muitas coisas.
NHOZINHO XV.
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