SERRA ROLA MOÇA MG.


No tempo de poucos carros, as viagens eram feitas em lombo de burro, cavalo e até jumento. Dois jovens, pretendiam casar na cidade, saíram de um sitio com convidados, ela na frente ele atrás. Chegaram à cidade casaram. Quando voltavam com muitos pensamentos nas cabeças, felizes riam muito até sem motivo, mas riam.
Quando passavam na encosta de uma serra íngreme, o cavalo da noiva agora casada, tropeçou o do noivo também e alguns convidados que iam logo atrás. Caíram em um barranco ninguém escapou, além dos dois casados foram convidados uma tragédia...
Após esse trágico acidente, essa serra passou a ser chamada Serra do Rola moça; entre Brumadinho e Ibirité MG.  Isso porque uma moça rolou barranco abaixo com noivo e todos os sonhos. Mário de Andrade assim poetou.

NHOZINHO XV.


O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça teve seu nome contado em 'causo' e imortalizado por Mário de Andrade em um poema que relata a história de um casal, que, logo após a cerimônia de casamento, cruzou a Serra de volta para casa, quando, então, o cavalo da moça escorregou no cascalho e caiu no fundo do grotão. O marido, desesperado, esporou seu cavalo ribanceira abaixo e 'a Serra do Rola-Moça, Rola-Moça se chamou'.

Serra do Rola-Moça 
A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...
Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.

Antes que chegasse a noite,
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus para todos
E puseram-se de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.

Pelos caminhos estreitos, 
Ele na frente ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não,
As tribus rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões
Temendo a noite que vinha.

Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os rios também casavam
Com as risadas dos cascalhos
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam
Buscando o despenhadeiro.

Ah, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo
Nem o baque se escutou.

Faz um silêncio de morte.
Na altura tudo era paz...
Chicoteando o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro.
O noivo se despenhou.

E a serra da Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.
                Mário de Andrade
                Outubro / 1954

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