DUZA E SUAS ARTES, PIAUI.


Nasci eu a quarta filha de Rufina. Como morreu Eva, que traria Adão, eu fiquei querendo ser caçula por muito tempo. Minha mãe falou que em uma caixa de fogos tinha uma dúzia. Eu fiquei falando: “uma duza” Honorina botou um apelido que carreguei por muito tempo “Duza”. Era magrinha, me chamavam perna de Maçarico, uma avezinha de lagos. Fui crescendo e aprontando com Neusa mais velha. Nós tirávamos mandacaru para gado e levávamos gado para Olho D’água onde tinha uma fonte permanente. Cada uma tomava de conta de umas vacas.
 Eu sofria com espinhos nos pés. Rufina mandou Batista, o melhor sapateiro do mundo, fazer umas alpercatas para mim, nesse dia falei: “hoje vaquinhas vocês não ganham de mim estou arriada”.
Aprendi uma ‘leiturinha’ com minha irmã Neusa; quando à escola do mestre Teófilo já estava ‘desarnada’. Lia uns poucos livros que tinha em minha casa. Certo dia eu lia ‘Jabúti”, Raimundo Ribeiro ouviu e me ensinou que deveria falar Jabuti.
Mais bonito foi um dia que eu e Neusa, vinha da roça tocando um gado, eu montado no garrote de Angical mansinho e Neusa na vaca Pintadinha. Que cena! Pena que só existe na imaginação de Nhozinho XV.
Hoje sou uma mulher vivida, tenho outras ambições e projetos de vida.

Sou Julieta Lina.

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